Usuária terá direito ao retorno do
serviço para 15 dias e continuará sendo acompanhada no ambulatório por seis
meses
O Instituto Cândida Vargas (ICV), em João
Pessoa, está oferecendo assistência especializada para as mulheres que sofreram
violência sexual ou doméstica. A equipe de atendimento conta com médicos,
enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos, além de trabalho em parceria com
a polícia, o conselho tutelar e outros órgãos.
Em 2019, de janeiro a outubro, o instituto atendeu 128
mulheres vítimas de violência sexual. Dessas, 11 realizaram o aborto legal,
previsto no Código Penal, quando a violência sexual resulta em gravidez. Em
2018 foram 155 atendimentos e 138 em 2017.
A cada quatro minutos uma mulher sofre agressão
No Brasil, a cada quatro minutos uma mulher sofre
agressão e sobrevive. O dado é do Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, que também notificou 145 mil casos
de violência física, sexual, psicológica e de outros tipos em 2018.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam
que em 2018 foram registrados 66 mil casos de violência sexual no país, o que
corresponde a mais de 180 estupros por dia. 82% das vítimas são do sexo
feminino e 54% tinham até 13 anos.
Demanda espontânea
Mesmo atuando em parceria com órgãos de defesa, o atendimento
no ICV para as vítimas de violência acontece também por demanda espontânea,
bastando que a vítima procure diretamente a unidade hospitalar. No local, a
usuária receberá a classificação de risco vermelha e será encaminhada ao
atendimento imediato e reservado, onde todo o processo acontecerá de forma
sigilosa.
Atendimento
O atendimento em casos de violência sexual deve acontecer
em até 72h, como está no protocolo foi instituído pelo Ministério da Saúde. Mas
caso a vítima busque o serviço após as 72h, ela será atendida da mesma forma,
mudando apenas os protocolos de atendimentos a serem realizados.
Esse atendimento em até 72h é garantido pela Lei nº
12.845/2013. Na Cândida Vargas, a usuária receberá toda a assistência clínica,
social e psicológica, além de ter acesso à informação sobre seus direitos
legais e sobre os serviços sanitários disponíveis na rede pública.
Durante esse atendimento inicial, a usuária realizará
todos os exames e receberá os medicamentos que compõe o kit de assistência,
como a realização de teste de gravidez anterior à violência sexual sofrida,
exames de VDRL, TGO, TGP, hemograma completo, testes para diagnóstico de
hepatites, AIDS e outras ISTs, profilaxia de doenças sexualmente
transmissíveis, anticoncepção de emergência e outros que sejam necessários.
Caso a vítima seja criança, será atendida no ICV desde
que tenha tido a menarca (primeira menstruação). Se não tiver havido a menarca,
a criança ou adolescente será atendida no Hospital Infantil Arlinda Marques. Já
em casos da vítima ser do sexo masculino, o atendimento será realizado no
Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena.
Após o primeiro atendimento, a usuária terá agendado o
retorno ao serviço para 15 dias e continuará sendo acompanhada no ambulatório
do ICV por seis meses.
Consequências da violência sexual
As consequências da violência sexual são inúmeras para as
vítimas. Entre as físicas imediatas estão a gravidez, infecções do aparelho
reprodutivo e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Em longo prazo, as
vítimas podem desenvolver distúrbios na esfera da sexualidade. Pode
apresentar ainda maior vulnerabilidade para sintomas psiquiátricos,
principalmente depressão, pânico, tentativa de suicídio e dependência de
substâncias psicoativas.
Portal Correio
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